Há mais de 3 mil anos as pessoas se casam do mesmo jeito
LATIM - Aula VII - Prof. José Fernando
Costumes romanos - o casamento
Sinto muito informar aos ateus, mas quase todos os nossos atuais costumes são de origem religiosa. Nossos ritos, muitos já incompreensíveis,
pois têm suas formalizações vagando pelos escuros do tempo, nos toma o
cotidiano, do nascer à tumba. As bodas,
ou casamentos, são a base de nossa civilização. Por um fato muito simples,
porque é a partir do casamento que se forma a família, e a partir da família
uma sociedade. Sei que isso parece ultrapassado, mas é assim que as coisas
ainda funcionam em nosso mundo moderno. Se hoje fazemos contratos de casamento
em cartórios e perante o Estado, no sentido de dar garantia aos contratantes
das regras que devem balizar a união, no passado essas mesmas garantias eram
dadas por um contrato com o sagrado, diante das divindades; o que, num Estado
laico como o nosso, já perdeu o sentido primário.
Sei que parece estranho, mas na Roma antiga, por exemplo,
cada família tinha seu próprio deus, o deus Lar, que estava muito ligado ao
culto dos antepassados de cada núcleo familiar. Além é claro dos deuses
"gerais" e cultuados pela coletividade toda, como Júpiter, Marte,
Minerva, etc.
O culto ao deus Lar era dirigido pelo pai da família e de
forma doméstica, portanto, cada família tinha seu jeito e fórmulas particulares
– orações, libações, sacrifícios e canções –
de se relacionar com esse deus também particular. Quando nascia uma
menina, ela se submetia ao culto do Lar de sua família que ficava num altar
(daí vem a palavra lareira), com o fogo sagrado, em cômodo próprio afastado dos
olhares de curiosos.
Ao crescer para se casar, a moça tinha que renunciar ao seu
antigo deus Lar e adotar o deus Lar da família do marido numa cerimônia que,
pelo menos no aspecto de costumes, é bem parecida com as cerimônias dos
casamentos modernos e que perderam quase que totalmente seus significados
religiosos, ou assumiram outros.
Tanto na Grécia antiga quanto em Roma, os vestidos de
casamento (túnicas) eram brancos, pois a pureza dessa cor combinava com o desejado pelo
noivo, uma noiva casta e pura (sei que você está rindo!).
O casamento romano era muito semelhante ao grego e dividia-se
em três atos: na lareira do pai, no transporte da noiva e, por último, na casa
do marido (traditio, deductio in domum, confarreatio).
No traditio, a jovem deixa o lar paterno e é liberada pelo
pai, numa cerimônia, do culto ao deus de sua casa. No deductio in domum, a moça
é levada para a casa do marido. Ela obrigatoriamente estará vestida de branco,
com um véu, uma coroa e uma tocha nupcial junto a um cortejo – como hoje, mas
sem a igreja, em que a noiva, vestida da mesma maneira, desfila entre os
convidados com as daminhas e acompanhada pelo pai, numa alegoria da mudança de
casa – notem que os elementos secundários são os mesmos e que somente a tocha
nupcial foi substituída pelo buquê de flores, mas mesmo assim o fogo sagrado
está presente nas velas do altar. Nesse momento, a música nupcial também se faz
presente, porém entoada pelos participantes. Na realidade um hino religioso
que, de tão antigo, nem mesmo os contemporâneos de Horácio entendiam o que
dizia em seu refrão, assim como as antigas marchas de casamento que ainda
usamos nas igrejas, muitas vezes em latim, ou em outras línguas arcaicas. Ainda
neste ponto do rito de casamento, o cortejo parava na frente da casa do marido,
que tinha que simular um rapto, numa luta também simulada, carregando a noiva
no colo sem no entanto deixar que os pés dela tocassem o umbral da casa (deve
vir daí o costume das mulheres fazerem regime, imaginou se o sujeito fosse meio
fracote e a moça bem nutrida, nada de casamento!).
Por fim, no confarreatio, cerimônia realizada diante da
lareira do marido e do deus Lar, imagens dos antepassados, estátuas dos deuses
penates, e fogo sagrado, que serão objetos de culto da noiva em sua nova
família, os noivos fazem uma libação, sacrifício e comem juntos um doce de flor
de farinha (panis farreus) – hoje, o bolo de casamento, indispensável, mesmo
que ninguém o toque e o leve a sério quando se tem a perspectiva de outras
bebidas e alimentos mais apetitosos – mas a regra diz, que a noiva deve partir
o bolo e ceder o primeiro pedaço ao marido. Desse ponto em diante estão casados
e a festa segue adiante como em nossos dias, regada a vinho e guloseimas
diversas.
Vejam que falo de ritos que remontam há mais de três mil
anos e que a troca de alianças só veio mais tarde supostamente com os romanos
também, provavelmente mil anos depois do que aqui foi narrado de forma
abreviada.
Disso tudo, podemos deduzir que, o casamento, tanto para os
gregos quanto para os romanos, era uma das coisas mais sérias que poderia
existir. Nada para eles se fazia mais temeroso do que desagradar aos deuses.
Somente a decadência moral de Roma foi capaz de corromper esse antigo costume,
mas mesmo assim, ele sobrevive em nossos dias, embora com significados diversos
no que toca a ritualística das novas religiões introduzidas, como a Católica
Apostólica Romana. Assim os casamentos duravam anos, porquanto a vida durava
pouco. Mas para os descontentes havia o alívio do divórcio, já admitido
naqueles tempos, não tão complicado formalmente como hoje, porque era um
contrato a ser desfeito com os deuses e também num ritual. Mas daí é outro
assunto, que envolve questões do Direito Romano, coisa para mais tarde e que
não é o nosso objetivo hoje. (JFN)
GRAMÁTICA - O ABLATIVO
Na
oração:
Paulo
morreu.
Temos
uma informação que não precisa de complementos, pois ela tem
predicação completa por meio do verbo intransitivo morreu. Mas, se
acrescentarmos as circunstâncias do ocorrido, fica assim:
Paulo
morreu no rio.
Esta
informação complementar, que indica as circunstâncias em que Paulo
morreu, “no rio”, chamamos de adjunto adverbial.
Na
língua portuguesa são diversos os adjuntos adverbiais, por enquanto
vamos trabalhar com alguns deles:
a)
lugar (na sala, na igreja, no campo)
b)
tempo (No verão, desde a infância)
c)
Modo (com tanta)
d)
Companhia (com meu irmão, com minha tia)
e)
Causa (por culpa)
f)
Matéria (de ouro, de prata, de madeira)
Em
português, geralmente o adjunto adverbial é expresso com as
preposições por, pelo, pela, pelos, pelas e com.
No
latim, o adjunto adverbial corresponde ao caso ablativo, com as
seguintes terminações:
Singular:
a
Plural:
is
VOCABULÁRIO
Duae
Amica
Unā
Ridĕo, -es, ēre
Pilā
LuduntVehementer (adv.)Gaudĕo, -es, ēreAmicitĭā
Ara
Dea
Rosa
Duas
Amiga
Juntas
Rir
Bola
Brincam, jogam
Muito
Alegrar-se
Amizade
Altar, ara
Deusa
Rosa
Exercício
XXIX – Traduzir para o português:
Duae
amicae
Silvĭa
est amica Iulĭae. Amicae semper unā sunt; Laborant, cantant,
rident, pilā lundunt. Iulia valde amat amicam:
Silvĭa vehementer gaudet amicitĭā Iulĭae. Hodĭe amicae aras
dearum rosis ornant.
Exercício
XXX – Identificar nas orações em latim do texto estudado, se
houver, o nominativo, o dativo, o ablativo e o acusativo.
Exercício
XXXI – Traduzir para o latim:
a)
As alunas de Thalia jogam com as bolas.
b)
A escrava orna com rosas a mesa da senhora.
c)
As meninas alegram-se com a amizade da professora.
12.
SEGUNDA CONJUGAÇÃO
Todos
os verbos da segunda conjugação latina têm o infinitivo em ēre.
Pertencem a esta conjugação, por exemplo, gaudĕo
(alegrar-se), tacĕo (calar-se), parĕo
(obedecer), habĕo. ter.
O
modelo ou paradigma para a segunda conjugação latina é video
(ver):
Vide-o
Vide-s
Vide-t
Vide-mus
Vide-tis
Vide-ntEu vejo
Tu vês
Ele, ela vê
Nós vemos
Vós vedes
Eles, elas veem
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