Literatura - Morte e Vida Severina
Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto
João Cabral de Melo Neto (1920-1999) foi um escritor brasileiro de renome
internacional. Nascido em Recife, João Cabral trabalhou como funcionário
público e mais tarde, inscreveu-se para o concurso do Ministério das Relações
Exteriores. Trabalhou em vários países europeus, e dessa forma foi fortemente
influenciada por escritores do continente. Sua poesia é normalmente
caracterizada como “seca”, onde o racional e o rigor estético possuem mais
valor que expressões e sentimentos.
A obra Morte e Vida Severina retrata a trajetória de Severino, um nordestino
que busca melhorar de vida, e por isso decide deixar a sua terra e ir em direção
aos sudeste. Ao longo da obra, o narrador, Severino, relata as péssimas
condições em que se encontram a terra nordestina e o povo que ali habita.
Além disso, Severino interage com outros retirantes, que assim como ele, se
esforçam em ter uma vida mais digna.
Um tema recorrente da obra é a falta de emprego para os retirantes, e
ironicamente, Severino percebe que quem tem mais trabalho é justamente a
morte, pois no nordeste brasileiro, as pessoas morriam de fome, sede e da
violência causada por disputas territoriais. Embora tenha quase cometido
suicídio, sendo salvo por Seu José, Severino não desisti de sua caminhada e
persiste apesar de todo o pessimismo e dos trágicos acontecimentos próprios e
alheios.
Trecho da obra:
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte,
de fome um pouco por dia
(de fraqueza e de doença
é que a morte severina
ataca em qualquer idade,
e até gente não nascida).
Animação com o texto completo.
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