A dúvida de amor do alfaiate Carlos Gomes
Carlos Gomes |
Antes de alcançar fama mundial, a partir da Itália, como compositor de Ópera, a trajetória de Carlos Gomes passa pela música "popular" para a época. Aos 15 anos de idade compunha valsas, quadrilhas e polcas. Em 1857 compõe a modinha "Suspiro D'alma", com versos de Almeida Garret. Depois da apresentação de algumas de suas obras no Rio de Janeiro e já com fama na corte e financiado por uma bolsa do Império, ele foi estudar na Itália, onde teve seu talento reconhecido. Daí em diante a história do autor da ópera "O Guarani" é bem conhecida. Por isso vou me ater somente à música "Quem Sabe?", uma das canções de cunho popular e muito ao gosto de todos os públicos por mais de século, com versões de arranjos gravadas por cantores populares e eruditos.
Francisco Leite de Bittencourt Sampaio |
Aqui vão os versos da primeira estrofe, para uma breve análise:
Quem Sabe?
Tão longe, de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Tão longe, de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Já no primeiro verso, notamos a vocação para música imposta ao poema em sete sílabas poéticas bem medidas (redondilha maior). O tema já sobressai nele, a distância que separa os amantes e, a partir daí, o poeta avança para a dúvida, coisa tão cara aos românticos, ao questionar onde estaria o pensamento da amada.
Nos versos seguintes, são varições sobre a distância que os separa e a dúvida no coração de quem ama a partir de juras de amor. Fórmula perfeita, juntada à genialidade da música de Carlos Gomes, para a canção cair no gosto popular, pois este tema, o amor com seus sofrimentos, é eterno na poesia e, portanto, fala aos corações de todas as gentes. Veja no restante da letra e a interpretação selecionada de Diana Pequeno:
Quisera saber agora
Quisera saber agora
Se esqueceste, se esqueceste
Se esqueceste o juramento
Quem sabe? Se és constante
Se, ainda, é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora
Da saudade agro tormento
Tão longe, de mim distante
Onde irá, onde irá teu pensamento
Quisera saber agora
Se esqueceste, se esqueceste o juramento
Quem sabe? Se és constante
Se, ainda, é meu teu pensamento
Minh'alma toda devora
Da saudade agro tormento
Vivendo de ti ausente
Ai meu Deus, ai meu Deus que amargo pranto
Vivendo de ti ausente
Ai meu Deus, ai meu Deus que amargo pranto
Suspiros, angustias, dores
Suspiros, angustias, dores
São as vozes, são as vozes
São as vozes do meu canto
Quem sabe? Pomba inocente
Se também te corre o pranto
Minh'alma cheia d'amores
Te entreguei já n'este canto
Vivendo de ti ausente
Ai meu Deus, ai meu Deus que amargo pranto
Suspiros, angustias, dores
São as vozes,
São as vozes do meu canto
Quem sabe? Pomba inocente
Se também te corre o pranto
Minh'alma cheia d'amores
Te entreguei já n'este canto.
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