O solitário e ridículo mundo fantástico da Folha de S. Paulo


José Fernando Nandé

Embora não admita, porque a soberba sempre lhe aconselhou, a Folha de S. Paulo (UOL) encontra-se num dilema impensável para um veículo de comunicação supostamente preocupado com a qualidade da notícia, o qual se gabava até há pouco tempo, utilizando-se das ferramentas do malicioso marketing, de praticar um "jornalismo isento e vitaminado". Eis o dilema: continuar sustentando a tese da inocência de Lula et caterva, que vaza água por todos os lados, ou retomar o antigo e seguro barco dos fatos objetivos, ou seja, da notícia factual em si, admitindo um novo governo e a existência de sólidas instituições, inclusive no Judiciário, representado sobremodo por promotores e juízes do MP e tribunais.

Ao dar voz a site estrangeiro abastecido por quadrilha de ladrões especializada no roubo dados, guiada por militantes partidários, em que se caracteriza crime contra a Segurança Nacional, a Folha, aos poucos, ficou sozinha lutando contra os moinhos de vento da realidade. Assim, de forma risível e ridícula, o jornal apela para a construção da própria realidade fantástica, no sentido de tentar justificar a enrascada em que se meteu. Agarra-se em pleno naufrágio, desesperadamente a pautas oníricas transformadas em manchetes que não se sustentam nem mesmo na aplicação da mais infantil das lógicas, dócil com notórios bandidos e implacável com as pessoas que nem mesmo possuem ficha criminal
.
A Folha pratica hoje um simulacro de jornalismo, creio que jamais imaginado pela família Frias e nem mesmo pensado pelos mais encardidos pasquins já publicados. Afinal, defender uma tese em que notórios bandidos, condenados em várias instâncias judiciais, são elevados ao posto de injustiçados, tem que ser obra de um grande veículo de comunicação, em consonância com os doutores uspianos que ganham cadeira nas redações dos jornais, desses que abandonam o factual apenas para provar o que consideram verdade e que, definitivamente, todos percebem que não é.

As tarefas da Folha, caso se persista neste mundo de sonhos, nesta caminhada pelo escuro vale da sombra da morte e descrédito, é continuar movimentando a máquina da fantasia azeitada por obscuros propósitos ideológicos e interesses comerciais - em bom português, continuar dando vida a saudosos personagens moribundos que, embora bandidos, escancaravam os cofres públicos para a publicidade bem paga de seus feitos lesas-pátrias - e apostar num sebastianismo lulista, na impossível hipótese de que ele saia da cadeia para restabelecer a antiga ordem, onde os pilantras se davam bem no roubo, sem um Moro no caminho, porquanto enganavam o povo com suas bolsas-misérias.

José Fernando Nandé é graduado em Comunicação Social - Jornalismo - e Matemática, pós-graduado em Economia do Trabalho (UFPR).

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