Poesia é o tato dos espíritos

Fernando Nandé

Nas últimas décadas, a poesia sofreu a ditadura da forma, dos românticos aos concretos, poetas do mundo todo usaram a forma como camisa-de-força. Hoje não damos tanto importância à forma. Pois redescobrimos o óbvio: o segredo da poesia (que não é segredo para ninguém!) não está apenas na forma, mas na intensidade da mensagem e no equilíbrio entre sílabas fortes e fracas, ou seja, na cadência do verso. Os poetas gregos e romanos já sabiam disso ao desenvolverem todos os temas universais que perduram até nossos dias.
Assim, não obstante a tecnologia que se utilize, falamos de amor como falou Ovídio, cantamos o nosso tempo com igual intensidade de Catulo ou Camões, em pretensa modernidade, na soberba infantilidade de nos pensarmos fora dos paradigmas poéticos construídos por séculos. A poesia é nossa alma e se tem alguma coisa que nunca vai mudar é a alma humana, e por mais que o tempo passe ela será a mesma sempre.
O sentir de hoje, dentro de nossos corações, é o mesmo sentir do homem da caverna que tateou o lado exterior da montanha em que se abrigava, em medo, susto e êxtase, ao se descobrir dentro de um contexto cada vez mais inexplicável, principalmente ao mirar os astros e as estrelas. Poesia é, portanto, a forma que encontramos de dar explicações ao que não se explica, de dizer o que não foi dito; é acrescentar em nós mesmos mais do que nossos cinco carnais sentidos, dando sutil tato aos nossos espíritos.

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