O defunto jornalismo tradicional fede no necrotério


1. Introdução

Com o advento das redes sociais é fato, o jornalismo tradicional estrebucha, agoniza e morre; defunto a feder em quente necrotério. No Brasil, essa transformação começou lenta, mas se acelerou nesta década à medida que os brasileiros alcançavam acesso às novas tecnologias digitais, sobremodo à telefonia celular e conectados à internet.

Este processo, por certo, notavelmente exponencial em velocidade, deriva-se na mudança do proceder do indivíduo e por consequência, no coletivo. Para delimitação do que escrevo, permito-me a ater-me no efeito derivado apenas, ou seja, no exame do fenômeno coletivo da introdução em nossa sociedade dessas novas tecnologias de comunicação.

Assim sendo, localizo, no Brasil, os primeiros impactos coletivos dessas novíssimas formas de se informar e de se comunicar, em meados de 2013. Eis, o ponto, caros leitores, em que se coloca nitidamente a inflexão histórica, com a ruptura do velho tecido que vestia a comunicação desde o tempo do nosso descobrimento, com notícias dormidas na celulose dos hoje vetustos jornais,jogando por terra o ancião esquema teórico resumido: emissor, meio e receptor da informação. Esquema quase estático, lento que era e que deu lugar à dinâmica veloz própria da internet e dos meios eletrônicos associados a ela. O indivíduo descobriu que podia mover-se coletivamente sem os tradicionais meios de mobilização das massas; o cidadão como líder de si mesmo, sem influência da imprensa, dos sindicatos ou até mesmo de partidos políticos.

Levando-se em conta outros fenômenos globais, embora localizados, como a Primavera Árabe, podemos inferir que, na comunicação, o mundo abandou - e sem, aparentemente, se dar conta disso - os parâmetros temporais perenes da mecânica newtoniana e avançou para parâmetros modernos abarcados pela Teoria da Relatividade, em que o ente tempo, tendendo sempre a zero entre dois ou mais eventos, se relaciona de forma quase "caótica" com o espaço que consideramos real, próximo ou distante. Só para lembrar, a velocidade e a aceleração instantâneas são simples relações do cálculo infinitesimal entre espaço e tempo.

Pois bem, com esses breves preceitos teóricos, podemos agora admitir algumas hipóteses para o funeral do jornalismo tradicional, defunto que já fede e carece enterro definitivo.

Prima: não há somente uma única fonte para as informações, ou fontes limitadas em número da interpretação da realidade por um observador, que também se faz fonte, receptor e emissor ao mesmo tempo, portanto, as fontes são infinitas.

Secunda: o meio de propagação da informação também se faz infinito e mais infinitos ainda se fazem os receptores que interagem, transformam e propagam essas informações num intervalo de tempo próximo de zero (estamos aqui falando elétrons, ondas e partículas, se propagando na velocidade da luz, tanto nos meios quanto nos cérebros dos emissores e receptores!).

Questionamento primo: é possível ao jornalismo tradicional, baseado em seus antigos métodos, naturalmente lentos, mesmo se utilizando dos mesmos meios eletrônicos hodiernos, acompanhar todo o processo descrito?

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